quinta-feira, 30 de abril de 2015

A PORTA ENTRE ABERTA




Era mais forte que eu, por mais que soubesse o que poderia estar se passando naquele quarto, a curiosidade era mais forte que o meu respeito à privacidade alheia. Que absurdo! Eu deveria tentar dormir. Me sentir grata pelo sofá oferecido depois da mega-briga que tive em casa. No entanto, como uma bisbilhoteira de plantão, abusava da hospitalidade deles prestando atenção aos sons de gemidos e sussurros que vazavam pela porta entreaberta, naquele minúsculo apartamento.

         
Por um tempo tentei fingir que nada ouvia, tampei as orelhas com as mãos em concha num ato de desespero, mas logo senti uma necessidade ensandecida de me acariciar, aqueles sons me envolviam. E o pior, a vontade de observá-los. Que calor era aquele que me invadia o corpo, que curiosidade louca era aquela que me tirava o sono? Por um instante pensei, a porta entreaberta tem um propósito, eles queriam ser ouvidos, que eu os visse. Será que era um ato pensado? Forçavam a possibiidade de um menage-a-trois? Que loucura, eu pensava, que doideiras eu buscava para justificar aquele meu súbito desejo voyeurista.


De quatro me encaminhei, engatinhando, envergonhada com a minha atitude, mas excitada com a situação. Até então, nunca tinha visto um outro casal trepar. Quer dizer, já, nos filmes, mas não assim, anônima, clandestina, escondida como uma tarada no escuro.

Guiada pelas
respirações arfadas, pelos sussurros ininteligíveis, pelo ranger da cama em movimento. Encaminhava-me lentamente para não fazer barulho e pela porta entreaberta pude vislumbrar os corpos nus entrelaçados, um balé de cobra mal iluminado pela luz difusa do abajur.

De repente, invadindo a intimidade deles com meu mudo olhar, pude perceber sob o disfarce da penumbra, que a plasticidade daqueles corpos tão conhecidos e desconhecidos me excitava. Nunca antes havia olhado para eles com alguma conotação erótica. É curioso, mas nunca percebi o volume do pau dele sob a calça ou o contorno dos seios dela na blusa, mamilos eriçados de desejo ou uma ereção repentina e desavisada. E agora, enquanto ele metia forte nela eu podia ver o movimento ritmico dos seus seios, as mãos dele envolvendo o corpo dela que com as pernas enlaçava-o à cintura. Aquilo me deixou excitadíssima, me hipnotizava, eu simplesmente não conseguia tirar os olhos.

Não sei bem explicar se o meu tesão era por ele, por ela, por eles. Se desejava sê-los ou partilhar aquele momento. Eu simplesmente olhava e me excitava. Observava enquanto me tocava. Era um sexo simples, nada mirabolante ou repleto de malabarismos com ares de Kama Sutra. Eles fodiam com uma naturalidade gostosa, dos casais que se comem com prazer, onde o excesso de intimidade ainda não matou o tesão. As posições alternavam, mas a trepada continuava excitante.

Minha xota estava muito melada, molhava meus dedos nela e me tocava ágil e freneticamente. Sentada no chão do corredor a observá-los. Teve um momento em que ele a tomou de quatro. Eu podia vê-lo entrar e sair dela. Ora lentamente, ora com força enquanto segurava suas ancas, feito bicho. Lembrei da infância, quando eu e as outras crianças observavamos as cadelas no cio, rodeadas de pretendentes prontos para cobrí-las. Era delicioso ver a bunda dele contraída enquanto metia. De relance eu eventualmente podia ver a face contraída também, a expressão compenetrada. Eu tonteava, mas continuava ali, inebriada de tesão, como enfeitiçada. Gozando orgasmos múltiplos, segurando meus próprios gemidos, me contentando com os gemidos dela. Trilha sonora dos seus também múltiplos orgasmos.

E quando ele enfim meteu fundo, tão fundo que pude perceber a contração do seu corpo em espasmo, vi que ele gozou. Gemeu gostoso, gozou com o pau dentro, fundo. Ela foi arriando o corpo devagar, ele soltando o dele sobre ela. Ofegantes, exaustos. Enquanto eu, encantada e em transe, sentia a calcinha empapada, como se tivesse mijado de tanto tesão. Os vi afastarem-se, para enfim aconchegarem-se abraçados, ela com a perna entrelaçada na dele recostada em seu braço. Pude ouví-la dizer baixinho: “Será que fizemos barulho?”, mas não consegui ouvir a resposta, fui me afastanto lentamente, tentando eu, não fazer barulho agora.

E no sofá da sala, me sentindo meio culpada pela indiscrição, mas excitada demais para esquecer o fato, me masturbei. Uma, duas, tres vezes. Um tesão incessante. Nunca pensei que observar alguém pudesse ser tão excitante. Acho que adormeci me tocando e pensando. Devo ter sonhado, nem sei…

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