Era
mais forte que eu, por mais que soubesse o que poderia estar se
passando naquele quarto, a curiosidade era mais forte que o meu respeito
à privacidade alheia. Que absurdo! Eu deveria tentar dormir. Me sentir
grata pelo sofá oferecido depois da mega-briga que tive em casa. No
entanto, como uma bisbilhoteira de plantão, abusava da hospitalidade
deles prestando atenção aos sons de gemidos e sussurros que vazavam pela
porta entreaberta, naquele minúsculo apartamento.
De quatro me
encaminhei, engatinhando, envergonhada com a minha atitude, mas excitada
com a situação. Até então, nunca tinha visto um outro casal trepar.
Quer dizer, já, nos filmes, mas não assim, anônima, clandestina,
escondida como uma tarada no escuro.
Guiada pelas
respirações arfadas,
pelos sussurros ininteligíveis, pelo ranger da cama em movimento.
Encaminhava-me lentamente para não fazer barulho e pela porta
entreaberta pude vislumbrar os corpos nus entrelaçados, um balé de cobra
mal iluminado pela luz difusa do abajur.
De repente, invadindo a
intimidade deles com meu mudo olhar, pude perceber sob o disfarce da
penumbra, que a plasticidade daqueles corpos tão conhecidos e
desconhecidos me excitava. Nunca antes havia olhado para eles com alguma
conotação erótica. É curioso, mas nunca percebi o volume do pau dele
sob a calça ou o contorno dos seios dela na blusa, mamilos eriçados de
desejo ou uma ereção repentina e desavisada. E agora, enquanto ele metia
forte nela eu podia ver o movimento ritmico dos seus seios, as mãos
dele envolvendo o corpo dela que com as pernas enlaçava-o à cintura.
Aquilo me deixou excitadíssima, me hipnotizava, eu simplesmente não
conseguia tirar os olhos.
Não sei bem explicar se o meu tesão era
por ele, por ela, por eles. Se desejava sê-los ou partilhar aquele
momento. Eu simplesmente olhava e me excitava. Observava enquanto me
tocava. Era um sexo simples, nada mirabolante ou repleto de malabarismos
com ares de Kama Sutra. Eles fodiam com uma naturalidade gostosa, dos
casais que se comem com prazer, onde o excesso de intimidade ainda não
matou o tesão. As posições alternavam, mas a trepada continuava
excitante.
Minha xota estava muito melada, molhava meus dedos nela
e me tocava ágil e freneticamente. Sentada no chão do corredor a
observá-los. Teve um momento em que ele a tomou de quatro. Eu podia
vê-lo entrar e sair dela. Ora lentamente, ora com força enquanto
segurava suas ancas, feito bicho. Lembrei da infância, quando eu e as
outras crianças observavamos as cadelas no cio, rodeadas de pretendentes
prontos para cobrí-las. Era delicioso ver a bunda dele contraída
enquanto metia. De relance eu eventualmente podia ver a face contraída
também, a expressão compenetrada. Eu tonteava, mas continuava ali,
inebriada de tesão, como enfeitiçada. Gozando orgasmos múltiplos,
segurando meus próprios gemidos, me contentando com os gemidos dela.
Trilha sonora dos seus também múltiplos orgasmos.
E quando ele
enfim meteu fundo, tão fundo que pude perceber a contração do seu corpo
em espasmo, vi que ele gozou. Gemeu gostoso, gozou com o pau dentro,
fundo. Ela foi arriando o corpo devagar, ele soltando o dele sobre ela.
Ofegantes, exaustos. Enquanto eu, encantada e em transe, sentia a
calcinha empapada, como se tivesse mijado de tanto tesão. Os vi
afastarem-se, para enfim aconchegarem-se abraçados, ela com a perna
entrelaçada na dele recostada em seu braço. Pude ouví-la dizer baixinho:
“Será que fizemos barulho?”, mas não consegui ouvir a resposta, fui me
afastanto lentamente, tentando eu, não fazer barulho agora.
E no
sofá da sala, me sentindo meio culpada pela indiscrição, mas excitada
demais para esquecer o fato, me masturbei. Uma, duas, tres vezes. Um
tesão incessante. Nunca pensei que observar alguém pudesse ser tão
excitante. Acho que adormeci me tocando e pensando. Devo ter sonhado,
nem sei…
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