terça-feira, 7 de dezembro de 2010

COISA EXTRAORDINARIA

CONTO EROTICO

COISA EXTRAORDINARIA

Certa manhã acompanhei Maria, a bela e jovem empregada de meu primo Eduardo, até o local onde os pescadores vendiam seus peixes capturados de fresco. Águas Verdes era um lugarzinho pitoresco, praias quase desertas, dunas alvíssimas, vilazinha de pescadores, jangadas flutuando na água verde-azulada e carcaças náuticas afundando na areia.
Íamos nos aproximando de um jovem caiçara negro consertando sua rede quando Maria, de repente, me puxa pelo braço e me arrasta para outra direção. Assustei-me com aquele gesto brusco dela e exigi que se explicasse. Pediu-me desculpas e respondeu, sorrindo encabulada:
- É aquele homem, D. Fernanda! Me persegue, quer me paquerar e tenho medo dele!
- Medo?! Por que, menina?! Um rapaz tão bonito!
- É que a Senhora não sabe da estória, ela disse dando risadinhas daquele seu jeito sonso e infantil.
- Mas que estória?!
- Deixa pra lá; não é nada, não.
- Vamos, Maria! Não me mate de curiosidade, criatura! Conta logo qual o problema com o rapaz!
Andamos alguns metros sem que ela falasse ou olhasse para mim, apenas tapava a boca com a mão e ria baixinho sem parar.
- Fala logo, menina! Deixa de coisas! ordenei, parando em sua frente e sacudindo-a pelo braço, pois sou uma pessoa curiosíssima e aquela reticência tola estava me matando.
- É meio vergonhoso falar, D.Fernanda, desculpou-se.
- Vamos! Diga!
- Promete que não vai se zangar comigo?
Prometi com muita impaciência.
- É que aquele é o Zé Enguia...
Mais risadas, e continuou:
- Dizem as más línguas que ele tem...tem um pinto enorme! as moças daqui morrem de medo dele!
Explodi numa forte gargalhada ao ouvir explicação tão inusitada e surpreendente.
- A Senhora ri então? É porque não é a Senhora que ele persegue. É doido por mim e não pode me ver que vem puxar conversa. Mas eu quero é distância! Sai pra lá, pintudo!
- Meu Deus! Você me mata de rir, Maria!
Achei a estória tão cômica que, quando retornamos à casa, contei-a ao pessoal - meu primo, meu marido Júlio e os amigos que passavam o fim-de-semana conosco. Foi a piada do dia.
Claro que eu não levava a estória de Maria a sério; era bem provável que aquilo fosse invenção dos locais, resultado de alguma brincadeira de mau-gosto. Se era verdade, deveria ser mesmo uma coisa extraordinária para gerar comentários assim tão embaraçosos, inclusive entre moças. Porém a conversa com Maria ficou dando voltas em minha mente e, ao me deitar com Júlio à noite, minha imaginação se inquietava com a idéia de haver um homem com um pênis descomunal andando por aquelas praias desertas. Fui adormecendo com estranhas imagens em minhas retinas. Pensei em Zé Enguia e meu marido nus lado a lado. Cena engraçada: a enguia gigante e a minhoca tímida. Dei risadas, mas logo me arrependi daqueles pensamentos perversos. Sempre amei meu marido, apesar de ele ter mesmo uma coisinha minúscula que me dá pouco prazer. Talvez até por isso é que eu tenha ficado com aquilo na cabeça, pois sou uma mulher sem perversões, muito bem casada e que nunca cogitou nenhuma experiência anormal, nada que não fosse convencionalmente aceitável entre marido e mulher.
Entretanto, na manhã seguinte, não sei que me deu que quis sair sozinha e andar pela praia, apreciando a encantadora paisagem marítima e a movimentação dos jangadeiros em sua labuta matinal. Eu tinha vergonha de admitir a mim mesma, mas dei-me conta de que era levada por uma vaga esperança de encontrar Zé Enguia por ali, casualmente. Surpreendi-me a procurar ansiosa pela figura dele entre um grupo de homens reunidos em torno de uma pequena embarcação. Perguntei a mim mesma que diabos eu estava fazendo por ali àquelas horas precoces do dia, meu querido marido ainda dormindo, sem nem desconfiar de que eu já não me encontrava a seu lado na cama.
Quando já pensava em retornar para casa, avistei o homem acabando de arrastar uma rede de pesca para fora da água, ajudado por um velho e um outro rapaz. Meu coração se agitou sem motivo e por um instante fiquei paralisada, perdida, sem saber se prosseguia em meu caminho ou se me aproximava do grupo. Para fazer o quê? Não sabia. Mas, quase sem me sentir, aproximei-me. Os homens me olharam com curiosidade e eu, por pretexto, disse para o tal Zé Enguia, bastante nervosa:
- Quero comprar uns peixes, moço.
- É só escolher, Dona, disse ele sorrindo com a simpatia natural do caiçara na presença de visitantes estrangeiros, e abriu as mãos na direção da rede cheia de pescados.
Atarantada com o improviso da situação, escolhi dois ou três peixinhos sem nenhum critério. Depois procurei dinheiro nos bolsos de meu vestido mas não encontrava.
- Não se dê ao trabalho, moça; pode levar, que não é nada.
Protestei contra sua generosidade, mas ele insistiu e eu aceitei o presente. Depois não consegui encontrar palavras que pudessem dar início a uma conversação aceitável e me senti uma boba. Agradeci acanhada e me afastei com passos apressados, louca para chegar em casa, com remorsos de ter saído assim às escondidas de meu marido levada por sentimentos indignos de nosso amor.
A partir de então, não consegui parar de pensar em Zé Enguia e em seu mistério fálico. Perguntava-me até que ponto seriam verdadeiros os boatos sobre suas proporções. Os dias de nossas férias ali em Águas Verdes iam se passando e, sempre que eu avistava o homem pela praia, minha imaginação começava a se perturbar. “Será mesmo?!” eu me questionava. Pensava no pênis dentro do calção, enrolado como uma jibóia, escondida entre as pernas fortes e bonitas dele, uma coisa tremenda, três ou quatro vezes maior do que o pintinho de meu pobre esposo. Não que eu fosse uma tarada com obsessões por tamanhos. Nem ao menos tinha uma noção do que seria um pênis de tamanho normal, pois o único que já tinha visto e “medido” era o de Júlio. Mas tentava-me a idéia de ver um homem bem-dotado nu e ao vivo. Apenas para ver, claro; nem passava pela minha cabeça outro propósito. Desrespeitar meu marido de alguma forma era repugnante para mim. Simples curiosidade mesmo, assim como a de quem nunca viu uma coisa rara, uma anaconda, por exemplo. Quem já viu uma anaconda de perto? Eu nunca vi e não conheço ninguém que já tenha visto. Sim, seria como ver uma assustadora anaconda e eu manteria uma segura distância do bicho.
Outra vez me encontrei sozinha em passeios matinais pela praia. Minhas pernas já sabiam aonde ir e acabei avistando ele consertando sua rede sentado na jangada. Como sempre, houve um alvoroço de terríveis impulsos em meu peito. Que grande vontade não tive de me aproximar e perguntar, assim na lata, se era mesmo verdade o que se comentava dele! Obviamente eu jamais faria isso. Contudo meu interesse por seu segredo era insuportável. Repentina coragem e aproximei-me. A princípio não soube o que dizer, mas logo me ocorreu uma ousada idéia e, antes que eu pudesse refletir sobre meus atos, as palavras saiam de minha boca quase como num jorro involuntário:
- Quanto o Senhor cobra pra me levar num passeio de jangada?
Ele me olhou surpreso, depois interessado. Não sei se me reconheceu, mas passou rapidamente os olhos por meu corpo , sorriu de leve e disse:
- Pra Senhora é de graça, Dona!
Senti-me ofendida com sua atitude galante, quase desrespeitosa. Por pouco não lhe dei as costas e fui embora. Porém algo dentro de mim me dava sangue-frio e fazia a curiosidade predominar sobre a indignação, que era até exagerada.
Girei meu anel de casamento no dedo para deixá-lo bem avisado e disse com sequidão:
- Prefiro pagar, por favor!
- Como queira, Senhora, ele disse fazendo-se sério de repente, muito mais cerimonioso.
Entramos num bom acordo. O passeio seria rápido, ao longo da costa apenas. Lá fomos.
Coisa divertida é navegar numa jangadinha daquelas. O vento úmido e quente zumbindo nos ouvidos, arrepiando os cabelos e açoitando a vela rústica de pano grosso. As ondas batendo forte na proa e nos jogando para o alto com grande emoção para mim, como num brinquedo de parque de diversão. Eu dava gritos de excitação agarrada ao banquinho de pau em que ia sentada. Risadas de prazer em meio à agitação molhada das ondas.
- Ai! que gostoso, moço!
Ele se divertia com minha euforia e de propósito deixava a jangada ir do modo mais turbulento.
Quando enfim nos afastamos da rebentação e o passeio tornou-se mais tranqüilo, começamos a conversar. Ele era bastante tagarela e logo foi me contando suas estórias inverossímeis de pescador, suas aventuras de jangadeiro. Em pouco tempo estabeleceu-se alguma intimidade entre nós e eu me senti mais à vontade para lhe fazer algumas perguntas, mas só consegui ficar dando voltas e voltas, sem coragem de abordar a questão que me angustiava. Mais de uma vez procurei convencer-me a mim mesma de que não havia mal nenhum em lhe pedir uma confirmação ou negação dos boatos que rolavam a seu respeito. Mas quando as palavras iam sair de minha boca eu me dava conta do ridículo de meus pensamentos.
No apertado espaço da jangadinha, ele ia de pé controlando a vela e eu, sentada, ficava com o rosto à altura de sua cintura, de modo que eu não podia evitar olhar muito para a parte do calção onde supostamente se escondia um pênis gigante. Eu tentava manter a cara voltada para o mar, mas meus olhos sempre giravam em direção ao mistério. Só pelo volume, não dava para supor nada de extraordinário. Porém a ausência da materialidade da coisa só incendiava ainda mais minha imaginação. “Aninhada entre as pernas, bem enrolada”, eu pensava. E o coração ia se perturbando mais a cada silêncio entre nós.
Após percorrermos considerável distância, concordamos em que já era hora de retornar. Com sua voz rude, ele prosseguia em suas estórias. Embora me tratasse com respeito, eu quase podia sentir seus olhos sensuais se enfiando entre meus seios no biquíni, lambendo minhas coxas, minha virilha e barriga. Eu estava toda molhada e minha canga se colava a minha pele e revelava formas que eu não conseguia esconder. Apesar disso, eu mantinha meu ar sereno e natural, sorrindo e demonstrando interesse em sua conversa. Por dentro eu morria de vontade de lhe fazer a pergunta crucial e até de pedir-lhe que baixasse o calção e matasse de uma vez aquela minha louca curiosidade. Houve momentos em que estive a ponto de eu mesma arrancar-lhe a roupa para ver tudo com meus próprios olhos. Imaginei-me fazendo isso e sorri do vexame que seria. Depois voltei a considerar a idéia, dizendo para mim mesma: “Por que não?! Por que não cometer uma loucura uma vez na vida?! Puxo-lhe o calção de repente e...voilá! a verdade vem à luz! Pronto, está decidido! Vou fazê-lo agora!”
Não ousei, claro. Hábito de convencionalismo, moral, respeito, pudor, recato, sanidade... Contudo, nosso passeio se aproximava do fim e tomei coragem de sondar o mistério de um modo tortuoso, menos comprometedor:
- Você é bem conhecido por aqui, não é mesmo? perguntei num tom casual.
Ele sorriu, mudou a posição da vela e finalmente disse:
- Sou mesmo, mas como a Senhora sabe?!
- Maria, a empregada do seu Álvaro, meu primo...
- Ah! Claro! Mariazinha do seu Álvaro...então a Senhora é de lá da casa?
- Sou, sim. Meu marido eu estamos passando férias por aqui. Comemoramos dez anos de casados.
- Vixe! uma moça tão nova e formosa como a Dona...ninguém diz que já tem marido esse tempo todo!
O elogio surpreendeu-me menos pela ousadia do pescador do que pelo exagero dele, pois na época eu tinha trinta e dois anos e umas ruguinhas já orlavam meus olhos. Fingi indiferença ao galanteio e continuei a campanha de provocá-lo e ver o que saía de sua própria boca.
- Ouvi dizer que você anda caído por Maria, é verdade, José?
- He!he! é verdade, sim, ele confessou um tanto encabulado.
- Mas parece que ela tem medo de você; por que será, hein?
Imediatamente arrependi-me da pergunta, pois ele me olhou com expressão risonha e debochada que parecia dizer: “Então a Senhora já sabe, a Senhora já sabe, né?” Senti meu rosto queimar de vergonha, mas já tinha ido longe demais para recuar.
- Por que, hein! José ? insisti, como se fizesse uma pergunta inocente.
Dessa vez ele baixou a cabeça, sacudindo-a com um sorriso.
- Não sei, não, Senhora...acho que é umas coisas que dizem de mim por aí...
- Que coisas dizem de você?! indaguei num tom de surpresa ingênua.
- Ah! falação do povo; coisa que dá vergonha de falar...
- Por que vergonha? É coisa tão ruim assim? avancei, surpresa com minha própria audácia.
- Sei não...
- Se você não me disser do que se trata, vou ficar pensando coisas horríveis de você.
- A Senhora vai se ofender se eu falar; é coisa feia, sim.
- Pode dizer, José; não pode ser tão mau.
- Bem...se a Senhora insiste, he!he!, ele riu, mas calou-se por um instante, a cabeça baixa.
- Fale, homem!
- É, né? é que espalharam que tenho...tenho a piroca muito grande, hi!hi!hi!
Já não deveria ser surpresa essa revelação, mas ainda assim escandalizei-me com as palavras. Meu sangue ferveu, faltou-me ar, remexi-me no banco. Porém dominei-me logo e dei uma risada para afetar naturalidade, como se não tivesse ouvido nada de mais.
- Então é isso?! Mas não é uma coisa ruim, não é mesmo?
- He!he! é mesmo, né?
Ficamos em silêncio por alguns minutos. Grande vergonha, excitação e curiosidade eram um turbilhão em meu espírito. Continuávamos velejando de volta ao ponto de partida, singrando com grandes voltas, de forma que quase não avançávamos, como se ele se retardasse de propósito, à espera de algo que se anunciava. Eu procurava palavras para dizer, mas elas vinham até minha garganta e enganchavam. Um impulso súbito e eu me aventurei:
- E é verdade ?
- O quê?
- É muito grande?
- O povo é que diz...
- Sei, sei...
O que fazer?! O que dizer?! Para onde olhar?! Mesmo com o rosto virado para a praia, eu pressentia os olhos dele em busca dos meus, o sorriso malicioso. E como se adivinhasse meus pensamentos:
- A Senhora quer ver?
- Ver o que, rapaz?!
-A coisa; não quer saber de que tamanho é?
- Como?! Ora, me respeite! Onde já se viu?! reagi, indignada, fuzilando-o com os olhos. E acrescentei: - Chega dessa conversa! apresse-se e me leve logo de volta, por favor!
- Como queira, Dona, disse ele zangado como se eu é que o tivesse insultado.
Movemo-nos mais rápido rumo à praia, ninguém ao redor num grande círculo de água e de perturbador silêncio. Não sei descrever o que senti naqueles breves segundos, mas era como se algo me sufocasse. De repente, eu desembuxei, nervosa e num tom autoritário que mal disfarçava minha fraqueza:
- Espere! Mostre-me! Mostre-me! Vamos! Mas só quero ver, só ver, é só curiosidade, compreendeu?!
A cara fechada dele abriu-se num enorme sorriso e ele apressou-se em baixar o calção. Quando a cueca desceu, Cristo! surgiu, a poucos centímetros de meus olhos, uma coisa medonha, uma tromba negra que começou a se erguer como que animada por minha presença.
- Chega! chega! Guarde isso! guarde! Já vi o suficiente, eu gritei histericamente, virando o rosto, a garganta quase fechando de nervosismo, o coração aos saltos.
Ele assustou-se e suspendeu as roupas. Minha grande aflição, na verdade, era o fato de não ser a aberração que eu imaginava. Embora fosse um pênis de notável tamanho(meu anti-braço), não era nenhuma anaconda; minha expectativa tinha sido um exagero provocado por minha imaginação e os longos dias de ansiedade. Por isso minha vergonha era infinita agora, pois as proporções “aceitáveis” dele não justificavam aquela situação que eu mesma criara. Eu tinha simplesmente acabado de pedir a um homem comum que me mostrasse seu enorme pênis, eu que era uma mulher bem casada e que sempre soube me dar ao respeito. Porém, se não era uma anaconda, era ainda uma bela jibóia. E estava meio desperta, fazendo um bom volume no calção. Nunca tinha visto nada parecido, nem em revistas. Quantas vezes maior do que a de Júlio? Oh! Jesus! senti incontrolável desejo de ver novamente.
- Vamos! Vamos! Deixe-me ver mais uma vez!
Ele sorriu e logo baixou o calção e a cueca juntos. A coisa saltou como uma mola dessa vez.
- Nossa! deixei escapar, abismada, pois o início de ereção dava um outro aspecto ao negro rolo de carne.
A jangada flutuava e ondulava mansamente. Eu hipnotizada. Estupenda coisa escura inchando e se erguendo entre meus olhos, a cabeça saindo da capa, vermelha e brilhante, a boca babando uma gota cristalina. Os testículos eram duas bolas de tênis amarronzadas. Fascinada, não pude evitar que minha mão se estendesse e empunhasse o tronco grosso e cabeludo. A outra apertou-o no meio, sem conseguir se fechar, e ainda sobrou a cabeça assustadora. As grossas veias pulsavam com o sangue afluindo fortemente. Vi-me agarrada ao pênis do homem e foi como se nada mais existisse à minha volta. Eu quase chorava de desejo e excitação enquanto o sacudia como uma doida. Procurei enfiá-lo em minha boca mas não entrava mais que a cabeça, estrangulada entre meus dentes.
- Tem calma, Dona! Tem calma! ele murmurava controlando minha cabeça com uma das mãos, a outra sustentando-o, presa ao mastro.
Eu o chupava com força e o gosto salgado da pele curtida na maresia enlouquecia-me. Apertava-o com as duas mãos, puxava os testículos, lambia as veias quentes, esfregava em meu nariz, nos olhos, na testa. Agora gemia abraçada as pernas grossas dele enquanto o prendia entre meu queixo e ombro, ele se movendo como num coito e minha língua molhando seus pêlos, um forte cheiro de homem salgado embriagando-me.
- Oh! Dona! ele começou a gemer.
Então agarrou o gigantesco membro e apontou-o para meu rosto, masturbando-se febrilmente, urrando como um animal. Eu coçava meu sexo excitadíssimo, soltando gritinhos involuntários e delirando com pequenas ondas de gozo. De repente, sem que eu esperasse, recebi vigorosas golfadas de seu caldo quente na boca cerrada. Em êxtase, abri-a, sorrindo de prazer quase infantil. E mal engolia um jato, vinha outro e explodia em meus lábios, entrava pelas narinas e respingava em meus cílios, cegando-me. Um verdadeiro banho de volúpia cálida e leitosa escorrendo entre meus seios.
Seguiram-se alguns minutos de murmúrios delirantes e espasmos febris. Em seguida, eu abraçada à cintura dele, meus cabelos longos pregados na máscara de esperma em meu rosto e em suas pernas musculosas. Aos poucos fomos nos aquietando, a respiração voltando ao normal, o senso da realidade envolvendo meu corpo e minha alma, pesadamente.
Depois de tudo, quando recobrei a posse de mim mesma, não sei como consegui permanecer na jangada com ele. Enquanto limpava o creme grudento de minha pele com a água salgada, tinha vontade de mergulhar e desaparecer no fundo do oceano.Ele tentou outro contato, mas reagi violentamente. Ele quis dizer alguma coisa, mas ordenei que se calasse e seguisse logo reto para a praia, antes mesmo de aportarmos no ponto de partida. Atingimos o raso, saltei e saí quase correndo pela areia molhada. Não sei como ainda tinha encontrado forças para pronunciar um inaudível “obrigada”. Só quando me afastei, e senti-me segura, um riso tímido de contentamento estalou em minha garganta. Mas procurei sufocá-lo, envergonhada de mim mesma.
Foi a última vez que vi Zé Enguia; nunca mais tive coragem de retornar à praia, nem mesmo com meu marido. Pedi que antecipássemos nosso retorno para casa e ele me atendeu, apesar de bastante contrariado.

fim

autor

Peristilo peris

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