quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A ILHA

Jean Claude era um homem muito rude, másculo e enigmático. Possuía duas águas marinhas fuzilantes no lugar dos olhos e um sorriso cínico desconcertante.

Foi assim que me apareceu certa tarde num cais de uma cidadezinha, dentro do seu barco, sentado sobre os cabos, olhar perdido no horizonte, vestia apenas uma bermuda jeans surrada e uns chinelos gastos, mesmo assim parecia um cavaleiro medieval, com seu porte elegante e corajoso. Senti uma confusa atração, ao mesmo tempo que repudiava aquele seu jeito rude e maltratado.

Sempre fui uma mulher refinada e delicada, acostumada com elegância, gentileza e gestos carinhosos dos homens, principalmente do meu marido. Luis era um perfeito cavalheiro, sempre gentil, impecavelmente tratado e bem vestido. Formávamos um casal bastante convencional, quase felizes com a rotina da nossa vida conjugal. Mas ultimamente as coisas vinham tomando um rumo diferente…

Estávamos em férias e procurávamos transporte que nos levasse até uma ilha próxima. Foi neste momento que o vimos e nos dirigimos a seu barco. Conversamos rapidamente. Jean nos ofereceu transporte, apresentou-se e perguntou nossos nomes, tinha uma voz grave com um sotaque francês carregadíssimo. Apertando sua mão, disse-lhe: “muito prazer, Diana”, enquanto ele me encarava e eu sentia a aspereza da sua mão deslizando de leve sobre a minha.

A viagem iniciou-se tranquila, eu evitava encará-lo, fugindo da furiosa atração que precisava manter sob controle. Jean me olhava discretamente e em certo momento fui fuzilada por aquelas duas pedras azuis. Arrepiei completamente e retribui o olhar. Luis nada percebia, apreciava a paisagem enquanto o barco singrava em direção à ilha. Após algumas horas, a viagem tornou-se agitada, já era tardinha e a maré cheia fazia o barco jogar muito, fiquei enjoada e ele nos ofereceu alguns comprimidos.

Eu vivia um momento crítico, necessitava em vários momentos de uma estranha liberdade, e sentia muitas vezes uma desconfortável rebeldia querendo tomar conta de tudo. Luis desdobrava-se em atenções, reflexo da instabilidade que tal situação criava. Apesar de tudo, era um homem calmo e seguro, permitia que as coisas corressem normalmente, tentando deixar-me sempre à vontade. Quanto a mim, em alguns momentos adorava sentir esta insana rebeldia que me dominava, como agora neste barco, ao encontrar este estranho que despertava esses demônios parcialmente controlados. Durante a viagem descobrimos que Jean também era proprietário da pousada onde nos hospedaríamos.

A ilha era lindíssima, paradisíaca, habitada por alguns pescadores nativos e visitada por várias embarcações de luxo e alguns turistas como nós. Todas as manhãs, acordava muito cedo, ia andar e tomar banho de sol numa parte mais afastada da ilha. Luis ficava dormindo, odiava acordar cedo. Numa destas manhãs enquanto eu relaxava deitada sob a sombra dos coqueiros, numa praia longe da vila, ouvindo o barulho das ondas quebrando na areia, Jean apareceu na curva da enseada. Vinha distraído e não me notou, eu aproveitava para admirar seu corpo perfeito, músculos exatos sob a pele dourada. De repente, o vento arrancou-lhe o chapéu, fazendo com que corresse justamente em minha direção. Surpreso, parou cumprimentando-me, o chapéu já ia longe e eu perguntei se não iria pegá-lo. Deu de ombros e sentou-se na areia ao meu lado olhando-me com extrema curiosidade, como se desejasse elucidar um dificílimo problema. Empunhei a máquina fotográfica que trazia comigo e foquei em sua direção, ele sorria, enquanto eu clicava repetidamente.

Jean aproximou-se e colocou a mão sobre a lente dizendo: “agora é minha vez”, tomando-me a câmera, andando em círculos ao meu redor, clicando sem parar. Depois, aproximando-se perigosamente começou a fazer closes, das minhas mãos, joelhos, pés, olhos e boca. Soltando lentamente a câmera sobre a areia, me olhou demoradamente nos olhos, eu ardia de desejo e minhas mãos correram incontroladas em direção às mãos dele pedindo a câmera de volta. Antes que me devolvesse, segurou-as entre as dele e outra vez aquele toque áspero me arrepiou cada centímetro da pele.
Tensão… Tesão.

Quando nos demos conta já estávamos completamente enroscados um no outro e ele repetia meu nome com sua voz grave de sotaque carregado, me abraçando e empurrando-me sobre a esteira. Deitou-se sobre mim pressionando meu corpo com o seu. Indescritível a sensação de sentir o cheiro daquele corpo, de puro suor, sem nenhum aroma artificial ao que estava acostumada; sentir o calor da sua respiração, seu hálito quente e a pressão dos seus lábios invasivos nos meus; aquela mão decidida e ousada enfiada na calcinha do biquíni, grossa e pesada amassando meu grelo. Os dedos deslizaram, de repente molhei por completo, soltando gemidos incontidos e me esfregando sem reservas contra seu pau que latejava de tão duro.
Aquele estranho possuia uma qualidade selvagem completamente diversa de Luis que era um homem extremamente carinhoso e de toque voluptuoso e delicado. Jean lembrava um leão, altivo, selvagem e dominador; seu hálito forte, seus dentes mordendo meus ombros, meu pescoço, meus seios e suas mãos que pareciam garras devoradoras apertavam-me quase ao ponto de me machucar. Repentinamente, aquele frenesi despertou em mim uma fera desconhecida, que o mordia, arranhava-lhe as costas, gritava seu nome e esfregava o sexo de forma obscena por todo seu corpo exalando um cheiro de cio que o deixou enlouquecido.

Um desejo violento entrou em cena, uma de suas mãos segurava o pau enorme e ereto e com a outra segurava-me firme pelos cabelos enquanto deslizava a cabeça do pau entre meus lábios, controlando lentamente os movimentos e olhando-me com a mais pura expressão de tara que jamais presenciara. Segurava firme meu queixo e beijava-me agressivamente, mordendo-me os lábios e sussurrando obscenidades ao meu ouvido. Ainda segurando o pau desceu deslizando pelo baixo ventre até chegar entre minhas coxas, quando o soltou totalmente rijo e tomou meus quadris com um gesto brusco puxando-me contra o pau que entrou vigoroso e pulsando violentamente dentro de mim. Jean ofegava feito fera, transpirava e deslizava sobre meu corpo, pele contra pele, num ritmo alucinante. Seu pau parecia rasgar-me, possuindo-me com urgência e fúria, sua língua lambia-me de uma forma indecente… deliciosa.
Gozamos feito animais no cio, descontrolados, aos berros, unhas cravadas na pele, olhos vidrados um no outro, enquantos nossos corpos tremiam convulsivamente. Foi um gozo prolongado, elétrico, algo que nunca havia provado. A energia máscula e vigorosa de Jean despertava em mim uma qualidade de fêmea selvagem nunca antes experimentada. Um apetite que não se saciava, como se o contato com aquele homem o realimentasse mais e mais, num crescente sem fim.


E assim aquelas férias transcorreram numa sucessão de manhãs intensas, repletas de uma loucura selvagem e febril, intercaladas por noites tranquilas, recheadas de suavidade e carinho. O verdadeiro paraíso, onde Jean foi minha serpente e minha maçã envenenada.

Urban
eroticidades

Nenhum comentário:

Postar um comentário